terça-feira, 15 de janeiro de 2008

devaneios de zeca baleiro

é mais fácil cultuar os mortos que os vivos
mais fácil viver de sombras que de sóis
é mais fácil mimeografar o passado
que imprimir o futuro
não quero ser triste
como o poeta que envelhece
lendo maiakóvski na loja de conveniência
não quero ser alegre
como o cão que sai a passear com o seu dono alegre
sob o sol de domingo
nem quero ser estanque
como quem constrói estradas e não anda
quero no escuro
como um cego tatear estrelas distraídas
amoras silvestres no passeio público
amores secretos debaixo dos guarda-chuvas
tempestades que não param
pára-raios quem não tem
mesmo que não venha o trem não posso parar
vejo o mundo passar como passa
uma escola de samba que atravessa
pergunto onde estão teus tamborins
sentado na porta de minha casa
a mesma e única casa
a casa onde eu sempre morei
a casa onde eu sempre morei

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda bem que não nos preocupamos em procurar as coisas fáceis da vida, afinal, são as dificuldades que nos tornam fortes, desde que vencidas com Amor!

Agora, qual o problema do cão alegre? Podemos ser alegres ao sol e reflexivos à lua, podemos construir estradas para que os que vem depois de nós nelas andem, podemos abrir os olhos do coração para não tatearmos às cegas, pois tudo passa, tenha certeza. Menos o que é do Espírito.

As casas em que moramos mudam infinitamente! E que bom, não é mesmo?