quarta-feira, 8 de setembro de 2010

o fim

Que sono triste o sono dos teus olhos
cerrados ao peso de uma morte não-chorada
de uma dor subterrânea e coberta de desistência
Que sono triste o sono dos teus olhos
de um torpor amargo, indigesto
alheio à passagem do tempo e sem desejo de horizontes
Tenho rezado com a fé que não possuo
para que desperte esse sol da tua aurora
e as cores da tua alma insone que,
pouco a pouco, desaprendeu a sonhar
Nutrir-te com meu amor já não posso:
ele se torna fel em teu peito refratário!
Que inexplicável repulsa criaste ao meu brilho,
que brutal tornado arrancou-nos de nossos corpos tão saciados?
Que sono triste ao que penso em me entregar
quando já não me vejo nos teus olhos
nem mesmo de relance...