domingo, 2 de junho de 2013

Onde estou?

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

gimme a break

Pagaria caro por uma boa dose de amnésia. A história é implacável com a consciência, e a realidade é implacável com a fantasia. Por isto eu a ignoro. A realidade, é claro.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

o fim

Que sono triste o sono dos teus olhos
cerrados ao peso de uma morte não-chorada
de uma dor subterrânea e coberta de desistência
Que sono triste o sono dos teus olhos
de um torpor amargo, indigesto
alheio à passagem do tempo e sem desejo de horizontes
Tenho rezado com a fé que não possuo
para que desperte esse sol da tua aurora
e as cores da tua alma insone que,
pouco a pouco, desaprendeu a sonhar
Nutrir-te com meu amor já não posso:
ele se torna fel em teu peito refratário!
Que inexplicável repulsa criaste ao meu brilho,
que brutal tornado arrancou-nos de nossos corpos tão saciados?
Que sono triste ao que penso em me entregar
quando já não me vejo nos teus olhos
nem mesmo de relance...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Lista:

  • Adoro as pessoas que sabem observar a beleza das pequenas coisas, o que é completamente diferente de uma benevolência forçada;
  • Adoro que alguém diga que eu pareço mais magra;
  • Adoro eleger paixões platônicas e ficar escrevendo para elas, dedicando-lhes fartas horas de devaneio e porno-romance;
  • Adoro o fato de alcançar um estágio tal de auto-aceitação que me possibilita escrever livremente uma lista de coisas que adoro sem me preocupar que isto resulte literariamente medíocre e tedioso;
  • Adoro rir da minha própria estupidez;
  • Adoro surpreender as pessoas que adoram pensar que, com meia dúzia de referências a meu respeito podem prever minhas ações;
  • Adoro o fato de nunca ter tido tribo e me sentir pertencente a todas elas;
  • Adoro pensar que alguém vai ler meu blog e achar bacana;
  • Adoro ouvir uma amiga me dizer que as minhas palavras são um colinho para a alma;
  • Adoro a sensação de desconcertar um bonitinho que não sabe como lidar com uma mulher que não babe o ovo dele;
  • Adoro a luz do sol atravessando os furinhos da veneziana e projetando bolinhas na parede escura;
  • Adoro saber que as ondas sonoras de uma música que adoro se relacionam fisicamente comigo;
  • Adoro não ter mais medo de ser agressiva;
  • Adoro sentir medo vendo filmes de terror;
  • Adoro ficar sob a água por longas horas;
  • Adoro o surrealismo das situações da minha vida, apesar de ela ser bastante comum;
  • Adoro me entender com pessoas muito diferentes e me sentir socialmente eclética;
  • Adoro saber que as melhores coisas da vida acontecem totalmente idependentes do nosso controle;
  • Adoro rir de uma piada infame que ninguém entenda;
  • Adoro quando alguém entende uma piada infame e ri comigo;
  • Adoro o inusitado;
  • Adoro pessoas desinteressadamente gentis;
  • Adoro quando alguém chora ao meu lado e me considera digna de compartilhar da sua fragilidade;
  • Adoro pessoas;
  • Adoro idiossincrasias;
  • Adoro admirar o brilho nos olhos de alguém exercendo a sua criatividade;
  • Adoro as sardinhas dos meus ombros;
  • Adoro me permitir falar muita bobagem sem medo do julgamento alheio;
  • Adoro o som de saltos no paralelepípedo de uma rua tranqüila ao nascer do dia;
  • Adoro ficar olhando o mar e imaginando o que haverá lá no fundo;
  • Adoro quando a verdade vem à tona;
  • Adoro pensar que existem muitas, muitas verdades;
  • Adoro problematizar;
  • Adoro o calor do meu gatinho ronronando no meu ombro;
  • Adoro pensar que adoro tantas coisas para colocar numa lista...
  • Estou me sentindo feliz. Talvez outro dia eu escreva uma lista das coisas que odeio.

quarta-feira, 3 de março de 2010

o menino sulfuroso

  • Conheçam o menino sulfuroso
  • que vem abrindo vales com os calcanhares
  • que refazem cem vezes o mesmo caminho
  • para diferentes lugares
  • Seu espírito a se derramar
  • corrosivo sobre as criaturas
  • que insistem em existir
  • decompondo-as em mínimas partes
  • destituindo-as de importância
  • reduzindo-as a ruínas
  • corrompendo-lhes a lógica
  • e dissolvendo-lhes o verniz da aparência
  • O menino sulfuroso, quando destrói, se ilumina
  • de desespero
  • e de gozo
  • Escoa a dor que, calada, lhe consome os nervos
  • e espirra no mundo a fúria que lhe estrangula
  • o deslocado coração maior que o peito
  • Anda com pressa de não chegar ao fim
  • com passos largos de desdém pela estrada
  • com dentes de arrancar raízes e uma âncora na cabeça
  • O menino sulfuroso anda só
  • com uma incurável saudade de si mesmo
  • com sal nos olhos e punhos em guarda
  • retesando os músculos que lhe sustentam os sonhos
  • e despistando a lava que lhe inflama a alma
  • É sabido, todavia, que no escuro mais silencioso dos olhos
  • ele cria céus de aurora boreal e violetas
  • monta notas musicais
  • e ainda cavalga esperanças de aço.
  • -Deixa eu ver essas unhas, dá aqui!
  • -Não...
  • -Anda, criança! Deixa de ser idiota!... Hum... Mas que imundície... Hahahahah! Tem um porquinho aqui!... Me faz o favor, tá? Não vai querer parecer uma sujeira ambulante. Preciso falar de novo?
  • -Não.
  • A lágrima pesada, rola insolente pelo rosto duro e diminuto. A mão suja esfrega e seca. A passos decididos, anda na direção do lavabo, esmigalhando os tocos de giz de cera e o desenho no chão. Um pé arrasta parte da folha, rasgando a montanha. O sol, amarrotado, por de trás, sorri torto para a árvore solitária, azul piscina.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

COME WANDER WITH ME

Uma das coisas mais assustadoras de se ir até lá é o risco que sempre corremos - ainda mais nós, que temos esta forte inclinação - de não saber voltar.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sabine

Estou com medo, Sabine. Eu sei, eu sei que você já disse que eu sou a última pessoa no mundo que preciso sentir medo. Que, na verdade, eu sou a única que não preciso. Sei o quanto tenho sorte por ter você comigo e do trato que fizemos em sonho, antes do nosso primeiro encontro, em que você prometeu me proteger de todos os perigos do mundo se eu a deixasse viver na minha cabeça. Eu também acho que juntas somos imbatíveis, E você tinha que ser minha, eu já sabia. Naquela tarde, no parque de Steglitz, quando mamãe me deixou sozinha por um instante enquanto pegava a cesta de piquenique, eu vi você no colo daquela garotinha. Você é com certeza a tradução da beleza perfeita: seu rosto alvíssimo, seus lábios de coração, seu vestido de seda púrpura e o chapéu com laço todo em renda... Seus olhos são tão lindos, tão diferentes das outras bonecas, porque se pode ver como enxergam de verdade, observam mesmo, tudo ao redor. E os cabelos! Cachos com o brilho e a cor do fogo... Você tinha que ser minha, Sabine. Até o seu nome eu já sabia, e pude confirmar quando vi a pequena marca em forma de S, assim, como uma cobrinha na sua bochecha esquerda. Parecia uma cicatriz, o que no começo me pareceu muito estranho, porque eu não pensava que bonecas podiam se machucar de verdade. Eu identifiquei o S no seu rosto, sabe, porque eu já sei ler quase todas as letras. Ao contrário daquela garotinha tola de Steglitz, que ficou chorando como um bebê quando deu falta de você. Aposto que ela não agüenta ficar sozinha e vive pedindo colo. Ela não merecia você, por certo que não. Você tem cumprido direitinho sua promessa. Dormimos juntas há várias noites, e desde então eu nunca, nunca mais vi aquele fantasma. E além de me livrar dele, você ainda cuida de mim em meus sonhos, e resolve tudo pra mim. Posso dizer que fiquei contente quando você soprou aquela flor na minha garganta, e quando eu acordei e tive febre, mamãe resolveu ficar em casa comigo. Eu estava achando mesmo que ela tem passado muito pouco tempo em casa, e isto não é nada bom. Também naquela noite em que você e eu comemos todo o bolo de aniversário do Oliver, e lambemos a cobertura, sem precisar cortar as fatias e nem usar guardanapo, eu pensei que podia ficar morando com você para sempre, na minha cabeça. Não queria voltar e ter que brincar com Oliver, e dar os parabéns a ele pelo aniversário, e mostrar à mamãe e ao tio Theodor que sou bem educada. A realidade é que eu estava tão furiosa por ele ter estragado todo o meu canteiro de flores mágicas com aquele trem estúpido, que não fiquei nem um pouquinho preocupada quando você soprou o feitiço nas costas dele. Mas depois, Sabine, quando eu acordei, Oliver tinha quebrado o pé tentando descer do beliche. Parece que foi feio mesmo, porque o osso dele ficou aparecendo e saía muito sangue, e agora ele está tendo febre e enjôos por causa da infecção. O doutor não sabe se vai precisar cortar o pé de Oliver para o machucado não comer o resto da perna dele.É por isso, Sabine, que eu queria lhe pedir: me faça acordar logo, porque eu estou com medo que aconteça alguma coisa ruim. Você disse que sempre que eu quisesse acordar, bastava eu chamar você. Quando eu fico acordada, você fica dormindo, e não pode se mexer e nem falar. Sei que você não gosta disso e prefere estar na minha cabeça, onde fazemos tudo juntas, mas agora já faz um tempo que estou sonhando e acho que podem estar sentindo a minha falta. Será que você poderia, por favor, me deixar voltar? ...Sabine?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

te amo.

"Tenho fome de tua boca, de tua voz, de teu pelo, e pelas ruas vou sem nutrir-me, calada, não me sustenta o pão, a aurora me desequilibra, busco o som líquido de teus pés no dia. Estou faminta de teu riso resvalado, de tuas mãos cor de furioso celeiro, tenho fome da pálida pedra de tuas unhas, quero comer tua pele como uma intacta amêndoa. Quero comer o raio queimado de tua beleza, o nariz soberano do arrogante rosto, quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas e faminta venho e vou olfateando o crepúsculo buscando-te, buscando teu coração ardente como um puma na solidão de Quitratúe".
(Neruda)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

perfeito

guerra

Que vontade tentadora de ser egoísta.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

lindo

"As vezes cores diferentes se encontram, e descobrem que são a luz refratada de um mesmo prisma." (Rafa Giordano)