sábado, 7 de junho de 2008

Meu Querido Diário

"04/01/88
Eu era muito estranha. Pensava em coisas muito diferentes, por esemplo, pensava em magias e poderes mágicos. Fingia que acreditava em tudo. Até que cheguei a uma conclusão:
Vou ser uma criança comum pois não gostei deste tipo de vida. Eu acho que minha vida precisa ser comum. Desde os seis anos eu vivo assim e agora já tenho sete. Além disso sou uma pessoa muito delicada. Não sei por que qualquer coisa choro. Tenho medo de muitas coisas sem rasão. Sigunda-feira dia 28 de dezembro de 1987 eu fui pra casa do meu pai. Ele se separou da minha mãe e foi morar em uma casa no meio do mato. Depois minha mãe foi conheser o lugar, porque eu moro com ela. Ela ia embora e o meu irmão queria ir embora junto com ela. Eu fiquei muito confusa e aborrecida porque eu não gostava de fazer novas amizades por lá e se ele fosse embora eu ia ficar com vontade de ir. Tentei convenselo mas não concegui e acabei indo e eu me arrependi muito. Mas mamãe disse que vamos tentar voltar lá o mais rápido posível, pois é muito longe Santa Catarina.
20/04/88
Hoje é o segundo dia que eu já vou e volto para o colégio sozinha porque eu ganhei a chave de casa. Tenho oito anos e meu irmão vai fazer aniversário depois de amanhã. Minha coleção de papel de carta está cheia de pastas mas vou guardar aqui este que o meu padrinho me deu é lá dos Estados Unidos e ele escreveu pra mim. Faz algum tempinho que eu ganhei um hamster angora. Parece um esquilo.
01/06/88
Eu sou mesmo boba, colar figurinha da Xuxa no meu diário. Acho que fica feio. Mas deixa isso pra lá. Todos estes dias que deixei de escrever foram porque eu perdi a minha chave. Agora acabei de recuperala. Eu tenho quatro chaves: a do Diário, a do cadiado, a do portão e a da casa. Mas é da casa da minha vó. É porque eu volto sozinha para casa, e na minha casa não tem ninguém, por isso eu volto só da escola para a casa da minha vó. Hoje é segunda-feira e na sexta-feira passada teve uma festa junina no meu colégio e eu tinha que ir vestida de prenda, mas como eu não tinha vestido eu não pude ir. Mas minha mãe prometeu que domingo que vem ela vai fazer outra festa.
18/07/88
Hoje eu achei a minha carteira que eu tinha perdido a horas e dentro tinha um dólar e cinquenta crusados. Estou de férias, mas só fui saber quando eu cheguei no meu colégio, porque ele estava vazio, não havia ninguém. Ninguém em lugar nenhum. A sala dos professores, vazia, a cecretaria vazia. As salas de aula sem ninguém. A minha mãe conversou comigo e me disse que todo mundo que chega aos seis anos a gente se sente diferente das outras crianças mas todo mundo é igual. Eu tenho uma pisiquiatra. Mas eu não gosto de falar nada pra ela. Eu não gosto de pisiquiatra, não é que eu não goste dela."

4 comentários:

miss_lioncourt disse...

nossa cara! que genial isso!!!!
eh verdade?
beeeijos

Betânia Dutra disse...

aai gabi, hilário! genial! ótimo! adorei! bá, preciso reler meus diários também, mas com certeza não tem tantas pérolas como no teu, tu era uma criança muito interessante heheh
muito bom :)

Unknown disse...

Gabi, que máximo! Também fiquei perguntando se é de verdade. Mas tem tudo a ver com você hoje, então não dá pra duvidar. Vem de berço!
Beijo

Unknown disse...

OBS, a Jaqueline aí é a tua amiga Meg! Melhor nem tentar explicar como isso aconteceu... hahahaha!